Jesus está no templo a ensinar e chama a atenção dos seus discípulos para a vaidade, para a vã glória do mundo que os fariseus procuram quando se sentam nos primeiros lugares dos banquetes ou procuram exibir as suas longas vestes e orações públicas.
Se tal acontece com os fariseus não deve acontecer com os seus discípulos e por isso Jesus vai ao encontro de um testemunho, de um gesto que possa servir de paradigma aos seus discípulos na questão da humildade e da discrição.
Sentado frente à arca do tesouro, Jesus descobre a pobre viúva que vem entregar a sua pobre esmola, duas pequenas moedas. Silenciosamente aparece no conjunto da multidão, sem dar nas vistas, tal como no Evangelho no qual ocupa apenas três breves versículos.
Contudo, Jesus reparou nela, tal como a Igreja e os primeiros discípulos ao testemunharem o acontecimento no Evangelho. Aquela pobre viúva era um exemplo vivo e por isso Jesus a fez aparecer do anonimato e o Evangelho a fixou para a eternidade.
Nas duas pequenas moedas que entregou no tesouro do templo a viúva entregou toda a sua vida, tudo o que possuía, sem alarido nem queixumes. Era o que tinha, foi o que deu; pouco aos olhos dos fariseus mas muito aos olhos de Jesus, pois foi com total liberdade e confiança que foi dado.
Ao evidenciar o gesto da viúva Jesus chama a atenção não só para a humildade e discrição da mulher que faz a sua oferta, mas sobretudo coloca em evidência a pessoa face ao dom. Mais do que o oferecido o importante é aquele que oferece.
Este episódio lança-nos assim um desafio sobre a forma como nos situamos face ao dom, face às ofertas que recebemos ou ofertamos, sobre a importância que lhes atribuímos. Para Jesus o verdadeiramente importante é a pessoa humana.
Ilustração: “O óbulo da viúva”, fresco da Basílica de Ottobeuren.
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