21 de janeiro de 2013

Diferenças na movimentação do homem contemporâneo e o medieval

Missa. Missal de Jean Rolin, século XV
continuação do post anterior
O homem medieval exibia uma ‘movimentação” intelectual e religiosa que se devia a alguns fatos: 

Em primeiro lugar, a vitalidade do homem medieval era muito mais exuberante. 

Em segundo lugar, o homem medieval tinha mentalidade e ideias. Quando se tem mentalidade e ideias é possível mudar-se de uma para outra.

Hoje, pelo contrário, há exatamente uma carência de idéias. 

Sobretudo o que há é que o homem contemporâneo é de uma dureza de coração, especialmente no que diz respeito ao bem. Ele absolutamente não muda. As manifestações de virtude mais palpáveis não o comovem.

Podemos ter o exemplo disto em torno de nós. 

Por vezes, pessoas que não fazem mal a ninguém e que dão a todos o exemplo da virtude, bons filhos, bons irmãos, procedem bem em todas as coisas mas não obtêm a simpatia de ninguém. 

Qual a razão disto? Endurecimento... O espetáculo da virtude não comove, não impressiona; a virtude não é simpática, não atrai nenhuma espécie de simpatia.


Outro motivo de endurecimento de alma: o mito do “cidadão maior” e independente
Isto se prende também ao mito do “cidadão maior”, investido em todos os seus direitos civis. A primeira coisa que este cidadão pseudo-livre precisa ter é que ninguém mexa em sua cabeça. Ele é inteiramente independente. Ele tem uma idéia e não muda; toma uma atitude e não liga para ninguém.

Agora, por que ele é independente senão para ser burro sozinho, para ser um celerado sozinho? Ele tem sua independência, ele a mantém.

Resultado: a voz da graça lhe fala e encontra fechadas as portas de seu coração! Ele absolutamente não se comove. 


Cristãos contra mouros. Cantigas de Santa Maria, El Escorial.
As Cruzadas foram um exemplo de ressonância da voz da graça e da voz do passado, na Idade Média.

Pelo contrário, na Idade Média encontramos a possibilidade de ressonância da voz da Igreja, como também da voz do passado, de um modo prodigioso.

É curioso ver como os bons exemplos, como certas situações, como certas crises sociais, impressionavam. E não era só o bom exemplo do rei. Era o bom exemplo dado por qualquer um. 


Exemplos:
– As Cruzadas, em grande parte, foram determinadas pelo contágio de alguns bons exemplos. 

– São Bernardo, quando entrou para o convento de Cister, levou consigo, de uma vez, cerca de vinte ou trinta cavaleiros. 

Por toda parte notamos que um, tomando uma posição, uma porção de outros se impressionam e seguem, porque seguir não era uma vergonha. 

Foi preciso chegarmos ao século XX para se decretar que seguir é uma vergonha.

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