Um santo é sempre um dom de Deus para a Igreja e a Humanidade. Maximiliano Kolbe o é de um modo particularmente eloqüente. Escrevia, anos atrás, o historiador Daniel Rops: "Houve sempre necessidade de santos; mas hoje é preciso um tipo especial. Penso em ti, Frei Maximiliano Kolbe, cuja figura exemplar encarna no modo mais profundo a revelação contra o horror de nosso tempo, no qual, como dizia teu Pai São Francisco, 'o Amor não é amado'. Te vejo mártir dos nossos dias, no campo de concentração".
Sacerdote franciscano
Maximiliano nasceu aos 8 de janeiro de 1894, na Polônia, de família pobre e profundamente religiosa. Aos 13 anos entrou no seminário dos Frades Conventuais. Nos estudos, distinguiu-se de forma genial nas ciências e na matemática. Para os estudos de filosofia e teologia foi enviado a Roma, onde se doutorou nessas faculdades com ótimas notas. Ordenado sacerdote em 1918, retornou à Polônia, onde foi designado para lecionar no seminário franciscano, em Cracóvia.
"Imaculada - eis o nosso Ideal!"
A inspiração de toda a sua vida foi a Imaculada, a quem confiava o seu amor por Cristo. No mistério da Imaculada Conceição manifestava-se diante dos olhos da sua alma aquele mundo maravilhoso e sobrenatural da graça de Deus oferecida ao homem. A fé e as obras de toda a vida de Frei Maximiliano indicam que ele entendia a sua colaboração com a graça divina como uma "militância"sob o sinal da Imaculada Conceição. A característica mariana é particularmente expressiva na vida e na santidadede frei Kolbe. Com essa característica foi também todo o seu apostolado,tanto em sua pátria como em terras de missões.
"Duas coroas"
Desde criança, cultivou esse amor por Nossa Senhora, que o presenteou com uma aparição, quando tinha cerca de 9 anos. Na aparição, Nossa Senhora trazia nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha. Olhando-o com amor, perguntou qual delas preferia. Com a branca ficaria santo, puro e com a vermelha morreria mártir. Maximiliano, então, respondeu que ficaria com as duas.
Fundador da "Milícia da Imaculada"
Segundo o Papa Paulo VI, São Maximiliano foi um dos mais genuínos e modernos apóstolos do culto a Nossa Senhora, vista no seu primeiro, originário, privilegiado esplendor, aquele da Imaculada Conceição. De fato, seu imenso amor e zelo por Maria, levaram-o a instituir, em 1917, o movimento eclesial da "Milícia da Imaculada", que segundo uma plástica definição sua "é uma visão global da vida católica sob uma nova forma, que consiste na união com a Imaculada". Ele viu nela, mais do que uma verdade em que acreditar, uma vida para viver, com a finalidade de operar ativamente com ela, Mãe e Medianeira, convidando todos os homens a converterem-se a Deus e a tornarem-se santos, no cotidiano do próprio dever e no constante dom de si mesmos aos outros, com todo tipo de apostolado possível. A tal objetivo, propuseram a todos os católicos a pessoal e total consagração à Imaculada, como coisa, propriedade e instrumento: ponto de partida para se viver em perfeita comunhão com Deus e ser cristã mente empenhado na Igreja de acordo com o exemplo d'Ela.
Apóstolo pela imprensa
De fato, ele fez da Imaculada o ponto focal de sua espiritualidade e teologia, dando início à publicação da revista "Cavaleiro da Imaculada" e à experiência de Niepakalanow - Cidade da Imaculada - verdadeiro recanto de oração e caloroso posto de trabalho para o homem. Situado a 40 Km de Varsóvia (Polônia), convento chamado Niepakalanow (com sua grande editora equipada com os mais modernos aparelhos tipográficos; com o "Cavaleiro da Imaculada" que em 1922, em sua primeira edição, lançara apenas 5000 exemplares e, em 1939, alcançou a tiragem de quase um milhão; com suas construções modestas para moradia; com suas oficinas para irmãos religiosas trabalhadores, mecânicos, carpinteiros, sapateiros, alfaiates, padeiros; com seu corpo de bombeiros; sua emissora de rádio; com seus quase mil operários, todos religiosos, filhos espirituais de São Francisco de Assis, como Frei Maximiliano) tornou-se uma verdadeira "cidade" de propriedade da Imaculada, porque estava toda voltada ao Seu nome e, em Seu nome, toda voltada para a realização do ambicioso programa formulado por frei Maximiliano: "Conquistar o mundo inteiro, todas as almas, para Cristo, pela Imaculada, usando todos os meios lícitos, todas as descobertas tecnológicas, especialmente no âmbito das comunicações".
Missionário
E pensando assim - "Conquistar o mundo inteiro para Cristo pela Imaculada" - partiu em missão para o Japão, três anos após a fundação de Niepokalanów. Pouco tempo após sua chegada ao Japão e sem saber uma palavra sequer do idioma japonês, publicou o "Seibo no Kishi" ("Cavaleiro da Imaculada") e fundou a "Mugenzai no Sono" (Cidade da Imaculada). Porém, sua permanência aí foi curta. Os superiores exigiram sua presença na Polônia, para retomar a direção de Niepokalanów. A obediência de frei Maximiliano foi imediata, apesar de ter de deixar para trás todos os seus sonhos de fundar cidades da Imaculada na Índia, nos países árabes, na Rússia e em outros países do oriente.
O "baque" da segunda guerra mundial
Veio a guerra e Frei Maximiliano foi preso e mandado para o campo de concentração de Auschwitz, sem nenhuma justificativa. Num campo de concentração em que o homem era privado de toda dignidade, reduzido a um número; em que o desespero acabava por tornar as vítimas dispostas a tudo, a de garantir a própria sobrevivência, Frei Maximiliano exaltou a irredutível dignidade do homem, escolhendo morrer no lugar de um irmão desconhecido, pai de família, aos 14 de agosto de 1941. E fez isso seguindo o exemplo d'Aquele que quis dar a vida por todos nós, para libertar-nos da nossa desumanidade, do mal que age em nós.
Não somente com a sua morte heróica, mas também com toda a sua vida dedicada a um grande ideal, Kolbe nos mostra o quanto a fé pode enriquecer de energia, de bondade, de generosidade, de espirito de sacrifício a vida de um homem. Por isso vemos nele um verdadeiro mártir (testemunha) de Jesus Cristo, mártir de caridade, do amor que salva e que dá vida.
Numa carta, quase prevendo o seu fim neste mundo, frei Maximiliano Kolbe escrevia: "Eu queria ser reduzido a pó, pela Imaculada, e espalhado pelo vento no mundo". Suas cinzas foram de fato espalhadas pelo vento. Os carrascos de Auschwitz não pensavam, certamente, esvaziando os fornos crematórios, que estavam realizando o último sonho desse grande apóstolo. Aquelas cinzas foram levadas pelo vento do Espírito Santo no mundo, suscitando fecundos germes de vida e de renascimento.
Mensagem de esperança e dignidade
Toda a vida de Maximiliano Kolbe está marcada pelo encanto das “duas coroas" (branca e vermelha) que recebeu de Nossa Senhora. O branco e o vermelho, os símbolos da Imaculada e do Espírito Santo, da pureza e do amor, são as cores dessa vida exemplar, a bandeira de uma nova humanidade, mais autêntica e mais fraterna. O nosso mundo, não obstante as conquistas da ciência e da técnica, correm o risco de voltar à barbárie. É como um carro com o motor cada vez mais potente, mas que perdeu a direção e não consegue se manter na estrada. Expõe-se ao perigo de perecer por falta de, significado, por falta de fraternidade, por falta de respeito.
Nessa situação, Frei Maximiliano se eleva como uma bandeira com as cores da pureza (autenticidade) (e do amor fraternidade), mostrando a todos nós o caminho da esperança, daquela esperança que nasce da fé em Deus da fé no homem.
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