4 de setembro de 2012

QUEM COME A MINHA CARNE E BEBE O MEU SANGUE TERÁ A VIDA ETERNA - Jo 6,52-59 (27/04)



Aí eles começaram a discutir entre si. E perguntavam: - Como é que este homem pode dar a sua própria carne para a gente comer? Então Jesus disse: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, vocês não terão vida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é a comida verdadeira, e o meu sangue é a bebida verdadeira. 5uem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele. O Pai, que tem a vida, foi quem me enviou, e por causa dele eu tenho a vida. Assim, também, quem se alimenta de mim terá vida por minha causa. Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os antepassados de vocês comeram e mesmo assim morreram. Quem come deste pão viverá para sempre. Jesus disse isso quando estava ensinando na sinagoga de Cafarnaum.

O QUE JESUS NOS ENSINA

O evangelista incute na comunidade a necessidade de escutar Jesus, com mente e coração dispostos, aceitar sua mensagem e a se deixar transformar por Ele. Comer e beber o corpo e o sangue de Jesus é aceitar sua humanidade, mas ao mesmo tempo é aceitar que nessa humanidade completa, está se manifestando a presença de Deus; quer dizer, que Jesus encarna em sua dimensão humana a vontade e o querer de Deus. 
Não é possível aceitar em Jesus somente uma dimensão, pois Ele não é divisível; temos que aceitá-lo em sua integridade, “comê-lo” completamente, para poder também ser capazes de transparecer no mundo o plano salvífico de Deus, à maneira de Jesus.
A partir do Discurso do Pão da Vida, a celebração da Eucaristia recebe uma luz muito forte e um grande aprofundamento.
O evangelho de João é pródigo em anunciar a participação na vida eterna já, a partir da comunhão com Jesus. João apresenta os vários discursos de Jesus como um desenvolvimento dos temas fundamentais de seu evangelho.
O texto que meditamos hoje é muito claro: Jesus entrega sua carne e seu sangue pela vida do mundo. Quando João fala de “carne” está se referindo sensivelmente ao homem, ao ser humano real e concreto que se encontra imerso na história, ao ser humano em toda sua fragilidade.
Ser “carne” é viver como homem, sentir como homem; é ter um corpo mediante o qual é possível se expressar. Jesus é carne, é um ser humano, é um homem real que se entrega totalmente por nós, porque compreende sua existência orientada não para si mesmo, mas para os outros.
Ao longo de quase 40 anos de caminhada dentro da comunidade ou da fé poderíamos um dia sentar e refletir se todo empenho foi em vão.
Motivados pelas discussões e desentendimentos que sempre surgem quando vivemos em comunidade poderíamos ser tendenciosos na resposta e assim fugir.
Será que todo esforço vale a pena? Vale a pena se desgastar por aqueles que zombam do Senhor e pelos outros que vivem em comunidade, mas que não vivem para os outros?
Valer, ou não valer a pena, depende da avaliação individual de cada um (desculpem a redundância), mas, de certa forma, apesar de tantos desembaraços e desentendimentos, vale a pena sim!
José Prado Flores, um renomado leigo católico expõe num dos seus livros a possível reflexão de Paulo de Tarso na prisão de Éfeso, capital grega da beleza e da estética.
Ele narra um Paulo, talvez pensativo, numa masmorra insalubre e sob a luz de velas, sujo e mal tratado, enquanto lá em cima as pessoas viviam a beleza, o bom e o conforto.
Pensando nos longos vinte anos que já haviam se passado desde Damasco, do que abdicou, do status que possuía, da vida que lhe era planejada, de mesmo ainda não ser visto como apóstolo, (…) entre outras possíveis reflexões diz o apóstolo: “(…) O MEU GRANDE DESEJO E A MINHA ESPERANÇA SÃO DE NUNCA FALHAR NO MEU DEVER, para que, sempre e agora ainda mais, eu tenha muita coragem. E assim, em tudo o que eu disser e fizer, tanto na vida como na morte, eu poderei levar outros a reconhecerem a grandeza, POIS PARA MIM VIVER É CRISTO, E MORRER É LUCRO. , mas se eu continuar vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil. Então não sei o que devo escolher. Estou cercado pelos dois lados, pois quero muito deixar esta vida e estar com Cristo, o que é bem melhor. PORÉM, POR CAUSA DE VOCÊS, É MUITO MAIS NECESSÁRIO QUE EU CONTINUE A VIVER. E, como estou certo disso, sei que continuarei vivendo e FICAREI COM TODOS VOCÊS PARA AJUDÁ-LOS A PROGREDIREM E A TEREM A ALEGRIA QUE VEM DA FÉ”. (Fl 1,20-25)
Sim! É duro, mas animador.
Por isso, ser cristão carece de vontade e destemor. Não existe ainda a possibilidade de viver a missão, como diriam os jovens, “de boa”.
Ser cristão carece de permanecer firmes as pressões, principalmente da sociedade, hoje não mais de Éfeso, mas dela como todo.
Sei que às vezes, mesmo fazendo o melhor e as coisas certas possíveis seremos volta e meia lançados numa masmorra de críticas, fofocas e ostracismo, mas mesmo à luz de uma única luz de fé, mantenhamos confiantes e fieis ao projeto de salvação pois, como disse Jesus: “(…) se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, vocês não terão vida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
"Deus quis a pedra, a jóia, que eu estava lapidando com muito carinho e veio buscá-la; chegou a hora dela mesmo, e foi de repente", (Cacilda, mãe da Marcela - menina anecéfala que morreu no dia 1º/8/2008, com 1 ano, 8 meses e 12 dias).
Contra todos os prognósticos, de que viveria algumas horas apenas, Marcela nasceu em 20 de novembro de 2006 e foi um exemplo para a medicina e para as pessoas contrárias ao aborto. "Ela foi um exemplo de que um diagnóstico não é nada definitivo", disse a pediatra Márcia Beani Barcellos, que sempre acompanhou a menina.
Sem ter por que lutar não temos vida! Arregacemos as mangas e continuemos a luta, a exemplo de Cacilda.
Finalizando, de tudo o que acabamos de ver, somos levados, também, a refletir sobre nossa participação no Sacramento da Eucaristia, pois esse sacramento significa entregar nossas vidas por uma causa: ser carne para a vida do mundo.
Quando comungamos somos conscientes da participação da mesa eucarística?

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