Vimos nas leituras de domingo passado que Jesus Cristo sentou-se no barco e ensinou uma série de parábolas à multidão. As parábolas que são proclamadas no Evangelho desse domingo são as do Joio, do Grão de Mostarda e do Fermento. Depois de algum tempo falando em parábolas, Jesus despede-se da multidão e entra na casa com seus discípulos. Então o Senhor dá explicação aos seus discípulos sobre o significado da Parábola do Joio e do Trigo. O Catecismo (546) ensina: “Jesus convida a entrar no Reino por meio das parábolas, traço típico de seu ensinamento. Por elas, convida ao festim do Reino, mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo; as palavras não bastam, são necessários atos. Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, isto é, tornar-se discípulos de Cristo para “conhecer os mistérios do Reino dos Céus” (Mt 13,11). Para os que ficam “de fora” (Mc 4,11), tudo permanece enigmático”.
Resumo da Parábola do Joio:
Jesus ensina que um homem semeou a boa semente (o trigo) no campo, veio então o inimigo e semeou o joio no meio do trigo. O trigo cresceu e deu fruto, mas o joio cresceu também no meio do trigo. Os servidores perguntaram se era para cortar o joio, mas o dono do terreno pediu que só cortasse o joio na época da colheita, para não correr o risco de cortar junto o trigo. A mando do dono do terreno, os ceifadores irão cortar primeiro o joio e queimá-los e, o trigo será colocado no celeiro. Essa narração está nos versículos de 24 a30. A explicação de Jesus Cristo da parábola do Joio e do Trigo aos seus discípulos está nos versículos de 36 a 43.
Vamos refletir a explicação da parábola do Joio, dada por Jesus Cristo:
O que semeou a boa semente é o Filho do Homem – Jesus Cristo, Filho de Deus, é quem semeia a semente (a Palavra), pois Ele mesmo é o Verbo - a Palavra. O Papa Bento XVI dando instrução aos evangelizadores disse: “A Palavra de Deus, que vós sereis chamados a semear a mãos-cheias e que tem em si a vida eterna, é o próprio Cristo, o único que pode mudar o coração humano e renovar o mundo”. A Palavra de Deus fala: “Pois fostes regenerados não de uma semente corruptível, mas pela Palavra de Deus, semente incorruptível, viva e eterna”. (1 Pr 1,23) Quando a semente da Palavra cai em nosso coração é o próprio Cristo que ali faz morada. Jesus é a personificação da Palavra.
O campo é o mundo – A Igreja pela ordem de Jesus (Mc 16,15) vai para o mundo (campo) jogar a semente da Palavra, para que todos tenham acesso à salvação, pela remissão dos pecados, em Jesus Cristo Nosso Senhor. O Beato João Paulo II disse: “Esta é a “boa nova” onde se há de encontrar a fonte da esperança para cada homem e mulher! Esta é a semente evangélica que Cristo, depois da sua ressurreição, confiou à Igreja para que ela consiga semear no solo da história. “Deus é amor”! (1 Jo 4, 8.16) e a sua providência alcança todas as criaturas. O supremo sinal deste amor é o sacrifício do seu único Filho e o dom do Espírito Santo que renova o coração humano e a face de toda a terra”.
A boa semente são os filhos do Reino – Todos nós que fomos batizados somos convidados a assumir a filiação divina que o Espírito Santo nos outorgou. (Rm 8, 15) A Palavra de Deus diz: “Pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (Rm 8,14) O Papa Bento XVI ensinou: “Só os santos, homens e mulheres que se deixam guiar pelo Espírito divino, prontos para fazer escolhas radicais e corajosas à luz do Evangelho, renovam a Igreja e contribuem, de modo determinante, para construir um mundo melhor”. Quanto mais buscarmos andar conforme os desígnios de Deus, mais seremos testemunhas de boa semente para o mundo.
O joio são os filhos do Maligno – A nossa sociedade está repleta de ações que não vem do bem. Todos nós de alguma forma contribuímos para que isso ocorra, porque temos uma natureza fraca e predisposta ao pecado. Mas a oração; a frequência à Igreja; os atos de caridade fraterna; a obediência a Deus farão a diferença no mundo. Mas muitos preferem seguir o tentador e não a Deus. É o joio que o Maligno coloca no mundo para fazer perder as almas. O Papa Pio XII explicou: “O mal moral, certamente, não pode provir de Deus, perfeição absoluta; nem das técnicas em si mesmas, que são dons preciosos Seus; mas só do homem, que, sendo dotado de liberdade, abusa dessas técnicas e difunde conscientemente o mal moral, colocando-se do lado do príncipe das trevas e constituindo-se inimigo de Deus”.
O inimigo que semeia é o demônio – O mal é obra do demônio do qual ele incita o homem e a mulher a cometerem. O Papa Paulo VI disse: “Ele é o inimigo número um, o tentador por excelência. Sabemos, portanto, que este ser mesquinho, perturbador, existe realmente e que ainda atua com astúcia traiçoeira; é o inimigo oculto que semeia erros e desgraças na história humana”. Jesus disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. (Mc 14,38) O Beato João Paulo II também disse sobre a semeadura do joio pelo demônio: “Cultivar a semente distribuída, completar a construção iniciada, educar aquilo que nasceu, até que Cristo seja formado em vós (Gál. 4, 19). Isto requer uma atenção constante e cuidadosa; de fato, segundo a parábola de Jesus, não é, infelizmente, impossível adormecermos e favorecer assim a intervenção do “inimigo” semeador de joio”.
A colheita é o fim do mundo – No final dos tempos Deus vem fazer a colheita do trigo e colocá-lo no celeiro. São Paulo diz assim na Palavra: “Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição”. (2 Tm 4,8) O Catecismo (681)também diz: “No dia do juízo, por ocasião do fim do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem sobre o mal os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao longo da história”.
Os ceifadores são os anjos – Jesus Cristo nos revela que os seus anjos virão com Ele no final dos tempos para retirar os maus que estão no meio dos bons (como o joio no meio do trigo) e, lançá-los na fornalha ardente. A Palavra diz: “E Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com Ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”.(Mt 25, 31-32) Também o Beato João Paulo II ensinou: “Somente no fim da história é que o Senhor voltará glorioso para o juízo final ( Mt 25, 31), com a instauração dos novos céus e da nova terra ( 2 Ped 3, 13; Ap 21, 1), mas, enquanto perdura o tempo, a luta entre o bem e o mal continua, mesmo no coração do homem”.
Os que fazem o mal irão para a fornalha ardente – Não podemos ignorar o que Deus está dizendo para nós. Porque será feito desse jeito. É melhor que todos nós procuremos o quanto antes o Senhor, pois não sabemos o dia nem a hora que o Senhor virá nos buscar. O Catecismo (1034) ensina: “Jesus fala muitas vezes da “Geena”, do “fogo que não se apaga”, reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que “enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente” (Mt 13,41-42), e que pronunciar a condenação: “Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!” (Mt 25,41). O Salmista canta: “Porque os maus serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a terra. Mais um pouco e não existirá o ímpio; se olhares o seu lugar, não o acharás”. (Sl 36, 9-10)
Os justos resplandecerão como o sol no Reino do Pai - O trigo é a boa semente que dá frutos, são os filhos de Deus. O Cardeal Sodano disse: “É verdade que ainda hoje, assim como na parábola evangélica, às vezes a semente cai em terreno refratário ou é sufocada pelos espinhos, mas é também verdade que há sempre uma parte que cai em terra boa e frutifica, inclusive o cêntuplo”. Deus é luz e nele não há trevas. Quanto mais nos aproximarmos de Deus, mais o nosso rosto brilhará. O rosto de Moisés brilhava todas as vezes que estava diante do Senhor no Monte Sinai. A palavra diz: “Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor”. (2 Cor 3,18)