16 de janeiro de 2011

MEDITAÇÃO I - O CORDEIRO DE DEUS

 
Os quatro evangelistas falam sobre o Batismo de Jesus e são unânimes em dizer que este foi o evento que marcou o início da vida Pública de Jesus, o início da atuação do filho de Deus entre nós. No Evangelho de João, que não é o mesmo João Batista, o destaque no Batismo repousa sobre o testemunho de João Batista. Ele é o último profeta a anunciar a grande esperança messiânica, último porque o que era anunciado chegou e veio realizar toda a justiça de Deus. O primeiro ponto do testemunho de Batista é a apresentação de Jesus como cordeiro. O profeta aponta para Jesus, então, todas as profecias se concretizaram, todas as expectativas alcançaram cumprimento. Deus se fez presente na história dos homens! O caminho nos é mostrado por aquele que é o próprio caminho! Mas Batista não apresenta apenas Jesus, mas o apresenta como Cordeiro de Deus. A alusão ao "cordeiro de Deus", remete ao cordeiro sacrifical abundantemente mencionado em Levítico, e também em Isaías 53,7, no quarto canto do Servo. Vê-se aí a prefiguração simbólica da morte de Jesus, inocente, nas mãos dos sacerdotes que procuram preservar o poder. Vê-se aqui que dentro dos planos de Deus se encontra o cumprimento daquilo que Abraão não precisou fazer! Abraão não sacrificou Isaac, mas o Pai em sua misericórdia entrega seu Filho amado! O próprio João afirma que não conhecia Jesus. Porém, com o seu batismo na água, simbolizando o apelo em favor da conversão à prática da justiça que supera o pecado, abria caminho para Jesus, que com seu Espírito liberta a todos da morte, dando acesso às portas da vida eterna em Deus. O Espírito sobre Jesus é a confirmação da sua divindade e da divinização de toda a humanidade nele assumida, em todos seus valores e em toda sua dignidade, pela própria humanidade de Jesus. Este é o sentido da encarnação: assumir os valores humanos, resgatando a dignidade humana e elevando-a à condição de filiação divina. Nesse sentido, Jesus assume o batismo de João. Os evangelistas, em seus evangelhos, procuram projetar a figura de Jesus a partir das exaltações atribuídas a João Batista: "Vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias.". Com isso procuravam, em seu tempo, atrair os discípulos de João Batista, que seguiam de maneira autônoma ao movimento de Jesus. Com bastante certeza, pode-se entender que João Batista não tinha percepção da profundidade da missão de Jesus, o que os próprios discípulos de Jesus tiveram, também, dificuldade de entender até o fim de seu ministério. João Batista tem uma atuação fundamental no projeto de Deus realizado em Jesus. O seu batismo tinha características originais, e sua proclamação foi tão marcante que o tornou conhecido como "o Batista". Enquanto as abluções rituais de purificação com água, tradicionais entre os judeus, eram repetidas com freqüência, o mergulho nas águas do batismo, com João, era feito uma única vez e tinha o sentido de sinalizar uma mudança de vida, para um compromisso perene com a prática da justiça que remove o pecado e fortalece a vida. Jesus assume a proclamação de João dando-lhe novo sentido de atualidade e eternidade, identificando-a com o projeto de Deus de conferir vida plena e eterna à humanidade. A libertação dos pecados não se dá pelos sacrifícios cultuais sangrentos, mas pelo amor e pela prática da justiça, para que todos tenham vida plenamente.

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