O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), lamentou a morte de dom Eugenio Sales, arcebispo emérito da Arquidiocese fluminense, e decretou, no início da madrugada desta terça, luto oficial de três dias no Estado.
"Dom Eugenio Sales era amado pelo povo do Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, a sua liderança religiosa foi a mais importante do nosso Estado. Vamos decretar três dias de luto", afirmou por meio de nota oficial.
O prefeito Eduardo Paes também se manifestou, por meio de nota, sobre a morte do religioso. "Dom Eugenio Sales zelou por nossa cidade durante décadas. Grande homem de Deus, ele será sempre lembrado por sua sabedoria, a força de seus ensinamentos, a perspicácia com que comunicava e defendia sua fé e o exemplo de caridade nos anos mais difíceis da história brasileira. Que ele continue protegendo e abençoando o Rio e os cariocas", dizia a nota publicada pelo prefeito.
Quem também publicou uma nota foi a Assembleia Legislativa do Rio, lembrando mais uma vez o exemplo de vida e a importância do religioso na sociedade nos últimos anos. "A Assembleia Legislativa do Rio solidariza-se a todos os cidadãos do estado do Rio de Janeiro neste momento de luto, pela morte de dom Eugenio. Seu exemplo de vida, de homem devotado ao verdadeiro exercício da caridade e do amor ao próximo não será esquecido e continuará servindo de inspiração ao longo do tempo. Sua perda é significativa e deixa uma lacuna para nós, mas seu testemunho de vida ficará como seu grande legado para o País", disse o documento assinado pelo Deputado Paulo Melo (PMDB), presidente da Casa.
Trajetória religiosa
Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte, em 8 de novembro de 1920, dom Eugenio de Araújo Sales era o mais antigo cardeal da Igreja Católica, segundo informação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Dom Eugenio foi ordenado sacerdote em Natal, em 21 de novembro de 1943, e bispo em 15 de agosto de 1954. Foi promovido a Arcebispo Primaz do Brasil em 29 de outubro de 1968, tomando posse como arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro em 24 de abril de 1971, sendo nomeado pelo papa Paulo VI.
Sua renúncia foi solicitada em 1997, quando chegou aos 75 anos. Mas por indulto especial do papa João Paulo II, seu amigo pessoal, foi autorizado a permanecer à frente da arquidiocese até completar 80 anos. Sua aposentadoria foi finalmente aceita no dia 25 de julho de 2001.
O religioso ficou conhecido por assumir a defesa de refugiados políticos dos regimes militares do Brasil e dos países vizinhos entre 1976 e 1982. Montou uma rede de apoio a estes refugiados juntamente com a Cáritas brasileira e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que consistia em abrigá-los, inicialmente na Sede Episcopal (Palácio São Joaquim) e posteriormente em apartamentos alugados.
Dom Eugenio foi responsável pelo financiamento de estadia de refugiados, até que estes conseguissem asilo político em outros países. Existe uma estimativa de mais de 4 mil asilados ajudados pelo cardeal.
Segundo a Arquidiocese fluminense, seu lema, fundamentado na Carta de São Paulo aos Coríntios, foi: "Impendam et Superimpendar" (2Cor 12,15: "De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós").
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5887455-EI306,00-RJ+Cabral+lamenta+morte+de+dom+Eugenio+e+decreta+luto+de+dias.html
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