“A causa e a raiz de todos os males que, por assim dizer, envenenam os indivíduos, os povos e as nações, e tantas vezes perturbam o espírito de muitos, está na ignorância da verdade. E não só na ignorância, mas às vezes até no desprezo e no temerário afastamento dela. Daqui erros de toda a espécie, que penetram como peste nas profundezas da alma e se infiltram nas estruturas sociais, desorganizando tudo, com grave ruína dos indivíduos e da sociedade humana.” – CARTA ENCÍCLICA DE JOÃO XXIII AD PETRI CATHEDRAM
Seguidores de Calvino. João Calvino nasceu na França, em 1509: uns 25 anos depois de Martinho Lutero. Influenciado por este, Calvino tomou, como ponto de partida para sua teologia, a total corrupção do gênero humano, pelo pecado original, com a perda da liberdade e, portanto, incapacitado de fazer o bem. Daí, a salvação somente pela fé: as boas obras, porém, deviam ser praticadas, pois indicariam que tinham fé. Para melhor explicar isso trarei um estudo feito pelo Rev. André do Carmo Silvério em seu artigo intitulado João Calvino e “Os Cinco Pontos do Calvinismo”:
Os Cinco Pontos do Calvinismo foram formulados em resposta a um “documento que ficou conhecido na história como ‘Remonstrance’ ou o mesmo que ‘Protesto’”, [2]apresentado ao Estado da Holanda pelos “discípulos do professor de um seminário holandês chamado Jacob Hermann, cujo sobrenome latino era Arminius (1560-1600). Mesmo estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à livre vontade do homem”. [3] Este documento formulado pelos discípulos de Arminius tinha como objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda (Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu mestre. Desta forma, a única razão pela qual Os Cinco Pontos do Calvinismo foram elaborados era a de responder ao documento apresentado pelos discípulos de Arminius.
3. Porque Cinco Pontos?
Este documento formulado pelos alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco principais pontos, conhecidos como “Os Cinco Pontos do Arminianismo”. E como já dissemos logo acima, em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do Calvinismo” ao invés de sete ou dez. Estes pontos do calvinismo são conhecidos mundialmente pela palavra TULIP, um acróstico popular que na língua inglesa significa:
T otal Depravity Total Depravação
U nconditional Election Eleição Incondicional
L imited Atonement Expiação Limitada
I rresistible Grace Graça Irresistível
P erseverance of Saints Perseverança dos Santos
4. Os Cinco Pontos do Arminianismo Versus Os Cinco Pontos do Calvinismo [4]
Arminianismo
Calvinismo
1. Vontade Livre – O arminianismo diz que a vontade do homem é “livre” para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé. 1. Depravação Total – O calvinismo diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.
2. Eleição Condicional – O arminianismo diz que a “eleição é condicional, ou seja, acredita-se que Deus elegeu àqueles a quem “pré-conheceu”, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem. 2. Eleição Incondicional – O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.
3. Expiação Universal – O arminianismo diz que Cristo morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não querem aceitar, irão para o inferno. 3. Expiação Limitada – O calvinismo diz que Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.
4. A Graça pode ser Impedida – O arminianismo afirma que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, “permite” ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden]. 4. Graça Irresistível – O calvinismo entende que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (= alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (= regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida. No momento que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.
5. O Homem pode Cair da Graça – O arminianismo conclui, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” – pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo). Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua continua volição positiva até à morte! 5. Perseverança dos Santos – O calvinismo sustenta muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos .
Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/joao_calvino_5pontos_silverio.htm
Vemos neste breve relato acima citado aquilo que permeou os pensamentos de Calvino.
Fonte de fé de Calvino e, por conseguinte, de seus seguidores: somente a Bíblia livremente interpretada. Mas Calvino não ficou somente nisto: para ele, visto que a fé é um dom, Deus a daria a quem quisesse. Resultado: cada criatura humana nasceria com o seu destino já marcado: a maioria para a condenação eterna; uns “poucos”, os que Jesus veio salvar, para a felicidade eterna. É a doutrina sombria da “predestinação”. O resultado era o seguinte: o marcado para a felicidade eterna, nem querendo poderia se perder, assim como para o condenado não haveria recurso para o arrependimento. Adotando quase toda a doutrina de Lutero, sua crença se espalhou na França, na Suíça, na Holanda e na Escócia e destes países passou para a África, a Ásia e a América. Porém, a lógica de Calvino é falha: com que justiça, Deus condenaria quem, sem a culpa, teria nascido sem a liberdade de escolher entre bem e o mal?
Ao contrário de Lutero, Calvino, que admitia uma igreja “invisível” só espiritual, organizou uma igreja “visível”, que seria a comunidade de seus seguidores. Nada de sacerdotes com o poder de consagrar pão e vinho, e perdoar os pecados: nada de bispos. Para Calvino, a Ceia era só uma representação: o encontro da comunidade num banquete simbólico. Negava a presença real de Jesus na Eucaristia, admitia só o sacerdócio comum de todos os batizados (o Batismo era o único sacramento que aceitava, além da Ceia) e deu especial destaque aos “presbíteros”, os “mais velhos” do Novo Testamento, que, para ele, eram simples representantes das comunidades sem poderes sacros, juntamente com pastores e doutores.
Seu quartel geral foi Genebra, na Suíça, aonde implantou uma igreja com terríveis poderes temporais e espirituais. A autoridade, na sua igreja, era exercida por um Consistório, que julgava os crimes contra sua religião, tal como dança, companhia co Católicos, críticas aos ensinamentos de Calvino, afirmar que o Papa era um bom homem… Nasceu disso o Puritanismo (moral exagerada).
A coisa funcionava assim: o Consistório julgava e o Estado devia punir. Além do caso do espanhol Miguel Servet, queimado vivo, a severidade era tão desumana que, por tipos de transgressões como as acima mencionadas, houve, de 1541 a 1546, 58 penas de morte e 76 desterros!
Calvino morreu em Genebra em 1564. Ele é pai espiritual da igrejas reformadas da Suíça, Holanda, França (Huguenotes) e, mais remotamente, do Presbiterianismo.
fonte: http://www.paraclitus.com.br/2011/apologetica/protestantismo/calvinismo/
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